quarta-feira, fevereiro 26, 2014
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| El Tanque: uma na canela, outra também. E um gol. |
Empate fora de casa contra a terceira força do grupo, e logo após uma vitória em casa contra o maior adversário do grupo, deveria ser festejado como ótimo resultado. Deveria. Mas após batermos o San Lorenzo com autoridade e assistirmos a um jogo medonho entre Unión e Del Valle, restava claro que mantendo a pegada do Maracanã, com concentração e seriedade tínhamos tudo para chegarmos a Buenos Aires na última rodada com 15 pontos, com grandes chances de sermos o primeiro no geral.
O time respondeu bem ao jogo fora de casa, jogando com muita tranquilidade. E não foi preciso mais do que isso para ser bem melhor do que os chilenos. O que atrapalhou o Botafogo foi o dia especialmente infeliz na parte técnica, em parte por causa do gramado muito ruim. O time criava chances, tentava jogadas mas esbarrava em erros de passe, de conclusão e de domínio de bola.
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| Lodeiro errou muito, mas foi o melhor dos meias |
Primeiro tempo
O Botafogo fez um bom primeiro tempo, conseguindo se impor. O Botafogo sempre esteve mais perto do gol, especialmente quando conseguia trabalhar jogadas com movimentação e toque de bola. O posicionamento de Jorge Wagner na zona frontal possibilitou que batesse algumas bolas de fora da área, e numa delas Ferreyra quase repetiu o gol do Maracanã.
Esse posicionamento de Jorge Wagner do meio para a esquerda é muito interessante pois aproveita suas duas melhores características: o chute, quando está de frente para o gol, e o cruzamento, quando está aberto na esquerda. A movimentação de Ferreyra o ajudou a achar esse espaço, e em dois dois chutes o passe foi do próprio Ferreyra.
Lodeiro dava velocidade e movimentação, mesmo errando muito, e Edílson apoiava com segurança. De negativo os volantes Gabriel e Marcelo Mattos, que pouco aproveitam o espaço que aparece para trabalhar a bola na intermediária. e Wallyson foi fugura nula no primeiro tempo.
O time chileno pouco ameaçava, mas mesmo assim nos complicamos. Além de abusarmos dos chutões, falhas individuais propiciaram os melhores momentos do Unión. Numa delas, Mattos e Dória vacilaram, a bola sobrou para o camisa 10 Chávez, que parou, pensou, olhou e achou companheiro livre, que bateu para defesa espetacular de Jéfferson. Além das falhas técnicas, foi absurdo que uma defesa postada desse espaço para o meia adversário parar, pensar a melhor jogada e achar um atacante livre diante de tantos defensores.
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| Lodeiro parte com a bola |
Segundo tempo
No segundo tempo, o time caiu. Jorge Wagner não conseguia mais espaços para chutes e caiu de produção. Wallyson manteve-se apagado, peça nula. Lodeiro continuava buscando jogo, tentando, mas tecnicamente errando muito.
O Unión continuava dependendo de um lampejo de seu único jogador, o argentino Chávez, a quem Gabriel passou a marcar mais de perto. Mas depois Gabriel deu lugar a Bolatti, e Chávez teve mais espaço. Deveria ter saído Marcelo Mattos, não Gabriel.
Bolatti entrou melhorando a qualidade do time com a bola, se apresentando mais para tocar. Embora também tenha errado alguns passes, acertou outros tantos, num deles deixando Wallyson em excelente condição.
O Botafogo continuou perdendo gols, e veio o castigo. Chávez, o único jogador a ser marcado no time chileno, conseguiu marcar em jogada individual que Dória e Júlio Cesar não conseguiram conter.
O time não se abateu, continuou atacando e conseguiu o gol de empate. Gol que deveria ter vindo antes, e acompanhado de outros mais.
Substituições de Duda
A saída de Jorge Wagner era justificável, mas não a entrada de Henrique muito aberto pela direita. Para isso teria sido melhor Lucas para jogar com Edílson. E Wallyson, que foi o pior em campo, demorou muito a ser substituído. A troca por Daniel deveria ter vindo mais cedo. A entrada de Bolatti deveria ter sido no lugar de Mattos, não no de Gabriel.
Mas não foi por causa de Duda que o time deixou de vencer. O time falhou demais tecnicamente, individualmente. Como conjunto conseguiu ser superior ao Unión.
El Tanque Ferreyra
Já notamos que em todos os jogos os torcedores vão ficar o tempo todo xingando o Ferreyra, reclamando de suas caneladas, e continuarão assim após os jogos se ele não fizer gol ou não vencermos. A questão aí é de expectativas e do que temos.
Ferreyra sabe fazer o pivô, se movimenta para abrir espaços para companheiros, se entrega na marcação, ganha bolas no alto. Assim conseguiu passes para Jorge Wagner chutar de fora da área, assim escorou para Gabriel perder chance clara, assim conseguiu pelo menos duas excelentes oportunidades de gol, além do próprio gol.
Porém, mata quase todas as bolas na canela, é lento para girar, comete erros técnicos nas conclusões.
Hoje fez um bom jogo dentro das suas limitações. mas um bom jogo de Ferreyra significa um jogo em que veremos muitas vezes caneladas e erros técnicos. Porque Ferreyra é inegavelmente limitado tecnicamente.
O que o Botafogo precisa com extrema urgência é de contratação (ou melhor, contratações, no plural) para o ataque. Mas enquanto Ferreyra concorrer com Henrique e coisas tipo aquele infeliz que foi pra China, terá de ser o titular na Libertadores. E nós teremos de saber explorar suas virtudes e compensar suas deficiências.
Mas se formos cobrar dele lances de habilidade, vamos perder a voz de tanto xingar. Pois acreditem, nossa diretoria conseguiu a façanha de montar para a Libertadores um elenco em que um atacante que não sabe dominar a bola tem de ser titular absoluto.
O resultado
Se continuarmos olhando apenas situação de tabela, jogo fora de casa, etc., o resultado teoricamente não é ruim. Mas dada a diferença técnica entre os times, a flagrante fragilidade dos chilenos e a partida que fizemos, o resultado frustra bastante.
O grupo se desenhou de tal forma que o Botafogo tem de não apenas classificar, mas ser o primeiro do grupo e com boa pontuação geral. Essa deve ser a meta do time.
Se de fato estivermos pensando grande, hoje não ganhamos um ponto, mas sim perdemos dois.
Agora precisamos de nove pontos nos próximos três jogos. Nada diferente disso.
