22 junho 2016

Realidade dura, porém previsível



Texto publicado na página Botafogo Sem Medo em 05/06/2016.


Imagem: O Dia

Para um clube com pouco dinheiro ter uma equipe competitiva são fundamentais três fatores: jogo coletivo (treinador), montagem de elenco (gerente de futebol) e preparo físico (estrutura e profissionais de preparação física). 

As contratações devem ser precisas, bem planejadas pelo técnico e pelo gerente, que deve ter bom conhecimento de mercado e trânsito com empresários para trazer jogadores úteis a bons preços. O elenco deve estar praticamente fechado já no início do ano, para que chegue ao Brasileiro com boa evolução.

Em time ruim, o treinador deve ser o craque do time. Não podendo trazer um técnico de ponta, deve evitar medalhões decadentes e buscar no mercado treinadores que montem equipes competitivas com jogadores medianos. Ou apostar em estrangeiros, em geral mais baratos.

Para equilibrar jogos com equipes melhores, além de organização é preciso um condicionamento físico que permita ao time atuar sempre no limite. Times ruins precisam de esforço físico maior para compensar outras limitações.

O Botafogo fez tudo errado. 

Contratou o obsoleto Antonio Lopes para gerente de futebol. Além disso, dirigentes amadores se metem em decisões técnicas, contratando jogadores por conta própria. O resultado é que as contratações parecem aleatórias e algumas são inexplicáveis. Apostou na velha tática de economizar no Estadual e contratar no Brasileiro. Assim, já se passou metade do ano e o Botafogo não tem um time - terá que contratar sobras de mercado a preços de urgência e evoluir rapidamente durante o Brasileiro, enquanto vai perdendo pontos irrecuperáveis.

Para técnico, a atual gestão trouxe dois ex-treinadores, ambos fora do mercado. Num momento em que o futebol passa por rápidas transformações que tem tornado obsoletos treinadores renomados, apostar em ex-treinadores é uma insanidade. Essa economia porca já está cobrando seu alto preço. Coletivamente o time é pior do que os rivais, agravando a má qualidade individual.

O Botafogo é fisicamente mal preparado. O departamento médico vive cheio e durante os jogos o time não consegue se manter no limite por muito tempo. Só agora o clube adquiriu equipamentos já usados nos demais clubes, mas os resultados não serão imediatos. A tendência é o fraco time do Botafogo sofrer o ano todo com limitações físicas e excesso de desfalques por contusão.

Em vez de atuar para compensar as adversidades inerentes a quem tem menos dinheiro, o Botafogo agiu para agravá-las. A esperança é que de alguma forma o time encaixe com os reforços e engrene uma boa fase. Dependemos de um acaso, pois como fruto do trabalho dificilmente virá algo consistente.

A direção do Botafogo, fechada em seu círculo, parece mais preocupada em discutir na internet e bradar retóricas de contraponto à gestão anterior. Negligenciou a atividade fim do clube, o futebol, onde a aplicação dos escassos recursos deve ser de máxima eficiência.

Os dirigentes do Botafogo são os únicos surpreendidos com a vergonhosa campanha de 3 gols em 6 jogos, última colocação e atuações de nível de Campeonato Estadual. 

Se o Botafogo quiser ter alguma chance de pelo menos brigar para não cair, precisa melhorar muito. E rápido.


Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Best Hostgator Coupon Code