"clap-clap-clap" |
Começou.
Entrei no estádio um pouco atrasado, como de praxe, e não vi a linda festa
quando os jogadores entraram em campo. Hoje, vendo as fotos, me arrependo.
Infelizmente, vi que a partida havia começado de forma errada, os catimbeiros
argentinos escolheram o lado da torcida para atacar no primeiro tempo. Nada.
NADA, me deixa mais nervoso que atacar para “lá” no segundo tempo. Mas hoje foi
um dia de exorcizar superstições.
De toda
forma, ontem foi onde tudo começou. Não me digam que aquela farra (lindíssima e
inesquecível) sobre o Deportivo Quito valeu por que não era Libertadores de
verdade. Era, no máximo, um Sparring de
luxo. Agora começou a briga com os cascudos, os cachorros grandes e os
eventuais vira-latas. E nada melhor que começar a competição mais importante do
continente contra um clube Grande argentino que nunca ganhou a Libertadores.
Eles sabem da urgência que nós temos. Eles também aguentam o escárnio diário. E
ontem ficaram mais longe do que nós de se livrar disso. Mas divago.
Imaginei
com meus amigos a seguinte cena: hoje, no Vaticano, após rezar sua missa, o Papa
pediu ao seu secretário: - bota no “Pay-per-view”
e traz um balde de cerveja, ansioso pelo jogo. O coitado deve ter pedido mais
um balde depois do jogo; pois se o Papa é deles, Deus, certamente é nosso. Já
que, apesar de sempre nos lembrar da nossa condição mundana de humanos, hoje
nos deu uma certeza de um paraíso infinito. E, para mim, só o Botafogo consegue
isso. Só.
Voltando
ao jogo, estávamos com menos torcida que na quarta, pois embora fossemos quanto
eu esperava, 30 mil, não era decisão. E no primeiro tempo tomamos sufoco. Não se iludam pelo placar, nós jogamos de
igual pra igual, se não pior que os caras. Só falo isso do nível técnico do
jogo. Táticas, notas e atuações individuais eu deixo para o Thiago Pinheiro
e/ou o Fernando Lôpo, muito mais gabaritados para tal função que eu.
De toda
forma, jogávamos pior, um pouco receosos ainda e quando eu já xingava o “El
Tanque” Ferryera de “El Bonde” e outros adjetivos nada carinhosos, pedindo,
naturalmente, que ele queimasse minha língua, ele mete aquele gol de rebote. De
caneleiro. De 9. De jogador que ainda vamos xingar muito, mas que bota a bola
pra dentro. E nós precisamos disso. 1 x 0 e o Papa chorava na capela sistina. 1
x 0 e o Maracanã fervia, caliente
como um caldeirão alvinegro. Ferreyra começou a entornar o caldo.
O
primeiro tempo acabou logo depois, bolas pra cá, bolas pra lá, mas sem maiores
contratempos.
Voltamos
ávidos pela vitória e castigados pela incerteza iminente, lar eterno do
verdadeiro Botafoguense. Juro, o segundo tempo durou 38 horas, se não mais.
Quem estava no Mario Filho pode atestar. Nunca o tempo passou tão devagar. Demorou
demais até sair o segundo gol alvinegro, dos pés do Wallyson, nosso novo
redentor. Para vocês terem a noção de como o tempo passava para mim, após o
chute, meu amigo Sávio gritou “gol”. Eu olhei para ele, olhei para o campo, e
apenas 2 segundos depois explodi em alegria. A rede estufava novamente. O Botafogo
lavava a sua alma, e os 20 mil alvinegros que ficaram em casa lamentavam
profundamente por não terem pago os absurdos 80 (ou mais) reais.
Após
aquele gol, e certamente com medo dos gritos alucinados e absolutamente ensandecidos
da torcida, o San Lorenzo pouco fez, exceto os 5 ou 6 escanteios seguidos que
deram um pouco de medo.
Mas,
mesmo assim, toda a vez que chutaram a gol, o Negro Gato, aquele poço, lago, OCEANO
de confiança, nos fazia esquecer cada vez mais os traumas do passado. Há algum
tempo o Jefferson não deixa dúvida que podemos confiar nele. E que diferença
isso faz para nossos corações.
O jogo
acabou com o Botafogo calmo em campo, tocando a bola, a torcida gritando olé, o
Bolatti dando “balãozinho”. Quando o juiz apitou, desta vez demos, sim, aquele
famoso “abraço de gol” pós-jogo. A primeira vitória da Libertadores era nossa!
E se saímos
do Maracanã certos de que não somos o melhor time, de que temos, sim, falhas
táticas e técnicas; saímos também certos de que este ano será diferente. Hoje a
torcida não estava confiante e certa, houve muito receio, pois era um clube
sério, grande, que jogava bem, mas demonstramos nossa força, e se continuarmos
assim, acho que contaremos esta história de 2014 para nossos netos.
A
história esta sendo feita hoje. Não deixe que nada seja mais importante que
isso. Eu sou o Botafogo. Você é o Botafogo e juntos vamos levar esse clube
adiante.
Saudações
Alvinegras!