19 março 2014

Botafogo vence, mas jogo reflete o nível de Duda



Jefferson foi eleito o melhor em campo
Botafogo joga em casa contra a equipe tida como a pior do grupo, vence mas seu goleiro é eleito o melhor jogador da partida. Não seria preciso escrever nada mais para dizer o que foi o jogo, mas é preciso interpretar este fato sintomático.

Como já escrevemos no texto 18º jogo do ano, 14º muito ruim, logo após o primeiro jogo contra o del Valle, as duas dezenas de jogos oficiais do ano não serviram de nada para a evolução técnica do time. No Estadual, a desculpa era de que o foco é a Libertadores. Na Libertadores, alegava-se início de temporada, altitude, gramado, etc. Mas agora não há mais desculpas.

As atuações do time B e até do time A no Estadual não apresentaram evolução com o decorrer da competição, salvo o clássico contra o Fluminense. Ao contrário, foram piorando. O mesmo acontece na Libertadores, em que os dois últimos jogos foram os piores do time. A impressão é que enquanto as demais equipes evoluem com a sequência de jogos e ganham consistência para as fases mais agudas das competições, a falta de qualidade coletiva do Botafogo de Duda vai ficando cada vez mais exposta.

Ferreyra decide aos 3 minutos de jogo
Devido ao pouco tempo de venda antecipada, novamente o público foi aquém do que gostaríamos. Mesmo assim, a torcida vibrou muito, cantou alto o tempo todo e foi fundamental para que a equipe garantisse a vitória mais sofrida do que deveria.

O gol de Ferreyra aos 3 minutos criou a expectativa de um jogo tranquilo, mas foi exatamente o oposto. O Independiente tomou conta do jogo, envolvendo o Botafogo, e não teve melhor sorte porque esbarrou nas suas próprias limitações e no goleiro Jefferson.

A torcida empurrou muito a equipe, dando-lhe forças extras nos momentos mais difíceis, e fazendo com que a pegada fosse mantida do primeiro ao último minuto. O time teve muita garra, muito brio, e, infelizmente, nada além disso. Entrega é item necessário mas não suficiente para se vencer uma competição.

Em relação ao ano passado, o time titular tem apenas três mudanças , todas na meia e no ataque. Porém, o jogo coletivo piorou drasticamente, especialmente no meio de campo, o que se reflete nos demais setores.

A mudança mais grave e mais danosa está à beira do campo. Saiu o desgastado Oswaldo de Oliveira e entrou Eduardo Húngaro, o Duda. Quando isso foi anunciado, a revolta só foi amenizada por uma esperança de que Seedorf fosse o comandante de fato. Com a saída do holandês, ficamos apenas com Duda, ou seja, com nada.

Duda: time cada mais vez a sua cara
O meio de campo do Botafogo hoje é incapaz de fazer o time manter a posse de bola e torná-la produtiva. Ao mesmo tempo a marcação no setor piorou, especialmente nos lados do campo. O lado que Lodeiro fecha costuma ser mais bem guarnecido, mas o lado de Wallyson ou Jorge Wagner, geralmente o esquerdo, fica bem mais exposto.

Na linha de zagueiros, a bola lançada entre o miolo de zaga ou entre um zagueiro e um lateral entram com grande facilidade. Na derrota por 2 a 1 para o del Valle foram duas no primeiro tempo, sendo uma mal anulada.

Os espaços entre os setores são claros, e os adversários trabalham a bola com facilidade. Hoje os lances mais assustadores não foram nem os que Jefferson defendeu, mas os que foram bloqueados pela incrível ruindade dos equatorianos, que erravam chutes e passes em jogadas desenhadas.

Aliás, um time time limitado como este del Valle só é capaz de tentar jogadas mais do que desenhadas, daquelas que da arquibancada você já sabe os três toques seguintes, a movimentação e tudo mais, porque são bem básicas. E no fim você se revolta porque o Botafogo ainda permite que essas jogadinhas bestas sejam executadas.

Vemos jogadores nossos se movimentando errado com e sem a bola, no ataque e na defesa. Quantas vezes num contra-ataque o companheiro corre para um lado e o jogador com a bola lança do outro? Reparem nisso. Na defesa, quantas vezes dois jogadores vão na mesma bola ou saem atrás do mesmo adversário, abrindo buracos?

O time é um bando, parece que os jogadores se viram ali na hora, como se tivessem acabado de se conhecer. E o forte desse time era exatamente o entrosamento, o jogo coletivo, a forma de jogar assimilada por todos.

Para piorar, o elenco é triste e transforma jogadores medianos, no máximo jogadores de elenco, em titulares absolutos, tornando desesperadores os dias em que estão mal ou tem algum problema.


Destaques: Jefferson e Ferreyra. O goleiro tecnicamente foi o melhor em campo, com defesas que Júlio Cesar não faz nem no PS3. E Ferreyra além do gol fez um autêntico jogo de LIbertadores, se posicionando bem na área, sendo referência, cavando faltas, segurando zagueiros e contagiando torcida e time com sua entrega na marcação. Um jogador que atua acima do que sua técnica permite e puxa o moral dos demais.

Duda, o convicto: Lucas pediu para sair, Duda chamou Airton, torcida vaiou Airton, Duda pôs Júnior Cesar. A explicação, segundo a trasncrição da coletiva no globoesporte.com
- Eu pedi ao auxiliar para chamar os dois. O Airton tinha treinado um dia antes (domingo) bem na lateral. Estávamos sendo atacados. Conversei com ele e o Junior Cesar para ver quem estava mais confiante. O Junior já fez essa função antes e me decidi por ele, mas tenho certeza de que o Airton iria se sair bem (nota: Airton foi vaiado pela torcida assim que foi chamado).
Esse é o cara que a diretoria escolheu para ser o comandante da campanha na Libertadores.

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Best Hostgator Coupon Code