07 maio 2014

A incapacidade da diretoria do Botafogo de buscar mais receitas que os rivais



Em reportagem de 1º/05/2014 no jornal O Globo sobre preços de ingresso do Botafogo em comparação aos do Fluminense, o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção saiu-se com a seguinte frase:
O vice de comunicação, de futebol e o Presidente
na reunião do Conselho Deliberativo

 — Eu não tenho o patrocínio que eles têm e não posso descartar a minha receita de bilheteria 
A frase é grave e merece atenção. Assumpção trata o patrocínio maior do rival como um fator de sorte, como se ele não pudesse fazer nada quanto a isso, como se fosse algo impossível de competir.

Ora, os rivais são concorrentes das mesmas competições, dos mesmos mercados. O Fluminense de fato tem um patrocínio de exceção, bem como Corinthians e Flamengo arrecadam muito mais em TV e patrocínio. Mas o Botafogo concorre nas mesmas competições que todos eles. Se não temos essas vantagens competitivas, precisamos criar outras situações favoráveis.

Clubes como Cruzeiro, Atlético, Internacional e Grêmio recebem menos dinheiro de patrocínio pelo simples fato de não estarem no Rio nem em São Paulo. Podem ganhar Libertadores e Mundial que continuam recebendo menos por conta de um fator geográfico imutável. Não estão nas duas principais cidades do país, nem são clubes de torcida nacional, e são todos clubes de torcida local.

Como, então, esses clubes competem em igualdade de condições técnicas com clubes como Flamengo e Corinthians, e acima de Botafogo e Palmeiras, por exemplo? Programa de sócio-torcedor (de verdade) e estádio próprio são as receitas gaúchas. Em Minas, investimento em centros de treinamento. Todos esses clubes arrecadam muito com venda de jogadores graças aos altos investimentos em categorias de base de excelência.

Quanto à TV, esses clubes de MG e RS recebem menos dinheiro por seus estaduais do que cariocas e paulistas e têm menos tempo de exposição. Entretanto, recebem pelo Brasileiro o mesmo que Botafogo e Fluminense. Por que isso? 

Porque esses dois cariocas são incompetentes, e gaúchos e mineiros mais competentes. O Santos, único paulista que estava nesse mesmo patamar, conseguiu se descolar e hoje recebe mais do que esse sexteto.

O Botafogo tem fatores de vantagem em relação a gaúchos e mineiros - está no Rio de Janeiro e tem torcida nacional. Mas hoje em termos competitivos está claramente abaixo deles em poder de investimento e desempenho técnico.

Assumpção, ao dizer "não tenho o patrocínio que eles têm", esquiva-se de sua responsabilidade, admite e aceita como realidade inexorável que o Botafogo está condenado a sempre ter poucos recursos, e com isso destinado a contentar-se a equipes modestas, de meio de tabela, equipes que podem, no máximo, embalar uma boa fase e eventualmente beliscar uma Libertadores.

Isso é fugir da responsabilidade de gestor e praticamente desistir do Botafogo como clube de ponta, como clube dominante.

Tal frase conformista e escapista retrata bem o que são os seis anos de Assumpção à frente do Botafogo. Os gestores do Botafogo não podem transferir a responsabilidade pela má colocação do clube no cenário nacional em comparação aos demais grandes.

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