A
reeleição em 2011: o mandato da praia
Nininho toma a taça para si, assim como tomou o Botafogo |
Como já dito,
inacreditavelmente o MCR, após hibernar por três anos, compôs com a chapa de
Maurício Assumpção e apoiou sua reeleição. Após o imbróglio eleitoral, a
traição e a péssima gestão do primeiro triênio, ainda assim o MCR o apoiou, sem
sequer indicar o vice geral, o que demonstra a pouca força naquele momento. O
fato se torna mais lamentável porque o MCR tem bela história no Botafogo ao
apoiar os mandatos de Bebeto de Freitas, que se também teve inúmeros problemas,
ao menos deixou um saldo positivo.
Vinicius Assumpção comemora a reeleição |
Marcelo Guimarães continuava
integrando a gestão como diretor remunerado, e Thiago Alvim continuava como
vice de Comunicação.
Marcelo Guimarães e Nininho: parceria boa para ambos... (foto Uol) |
Já constituído o grupo Mais
Botafogo, Carlos Eduardo se lançou candidato contra Maurício Assumpção. Perdeu,
mas conseguiu direito a 14 cadeiras no CD.
Os candidatos de 2011 em foto com o então vice-governador Pezão (lancenet) |
Antônio Carlos Mantuano apoiou
Nininho e tornou-se presidente do Conselho Fiscal. Mantuano aparece sorrindo ao
fundo na foto abaixo.
Festa da vitória com Montenegro e Mantuano |
Carlos Augusto Montenegro
ficou no dia da votação parado na porta de General Severiano abordando os
sócios eleitores suplicando-lhes voto em Nininho.
Montenegro aborda os sócios eleitores pedindo voto para Nininho |
Triste também o papel
desempenhado por ex-atletas, que não tiveram o mínimo de auto-respeito pela
condição de ídolos. Um exemplo foi Túlio, pedindo voto para Maurício em troca
da promessa de apoio ao constrangedor projeto do gol mil. Como todos os outros
que acreditaram na palavra de nininho, foi traído.
Montenegro e Túlio em campanha pela reeleição de Nininho |
Resumo
do segundo mandato
O
mandato da praia
Se a torcida já se
desesperava com o vice André Silva e o gerente Anderson Barros, mal sabia o que
estava por vir. A dupla saiu, e alguns outros diretores remunerados também.
Foram substituídos pelos amigos do time de futebol de praia, que podem ser
conhecidos nesta reportagem do jornal O Globo chamada A Estrela de Nininho.
Os "profissionais" da praia que lotearam o Botafogo |
O Botafogo foi loteado pela
turma da praia. Futebol, comercial, jurídico, categorias de base. Em todo lugar
havia alguém da praia. Na base, tão alardeada como grande feito da pior
administração de todos os tempos, consta como “gerente de contratos” um
indivíduo chamado Johnny, cujo grande mérito para assumir tal cargo é privar de
relação pessoal próxima com o ainda mandatário do clube. Nesta reportagem doGloboesporte.com, em que um empresário critica abertamente o presidente,
podemos ver pela troca de mensagem a não reação de Johnny às mensagens até
desrespeitosas do empresário e sua submissão a Bernardo Arantes, um dos empresários
que praticamente arrendaram informalmente a base alvinegra.
Troca de mensagens entre Johnny e o empresário (foto do GE) |
No futebol profissional, o
gerente remunerado Sidnei Loureiro (da praia) e o vice de futebol Francisco
Fonseca conseguiram piorar significativamente o que já era ruim com André e
Anderson. As contratações planejadas de Eduardo Húngaro e seu genro Hygor já
mereciam uma atitude rigorosa do CD. O pagamento de altas luvas ao desconhecido
Rafael Marques é outra aberração.
Uma das muitas coisas a
serem investigadas é o salário dessa turma da praia, se tais salários seguem ao
menos os preços de mercado. E se os contratos preveem multas rescisórias, visto
que repentinamente a turma da praia começou a ser desligada no apagar da
gestão.
Principais
“realizações” do mandato da praia:
·
Futebol
profissional: péssima gestão no futebol, com muitos
salários atrasados, animosidade na relação entre diretoria e elenco.
·
Categoria
de base: arrendada por empresários.
·
Engenhão:
continuidade dos contratos ótimos para os coirmãos e ruins para o Botafogo.
Mantido o lema “estádio de todas as torcidas”, sendo que a papagaiada de
“Stadium Rio” não era seguida nem pelos dirigentes, que a cada hora chamavam o
estádio de um jeito. O desfecho com chave de ouro foi a interdição do estádio,
que beneficiou somente a Odebrecht (leia mais aqui), empreiteira íntima do
PMDB carioca e fluminense, não por acaso partido ao qual Maurício Assumpção se
filiou. Após um ano e meio de interdição, não há previsão de reabertura e a
diretoria não esboçou absolutamente nenhuma reação, resignando-se inclusive com
o iminente rebaixamento, em grande parte fruto desta interdição.
·
Dívida
trabalhista: o Botafogo foi expulso do Ato Trabalhista
por, segundo o juiz, deliberada sonegação por parte do clube. O Botafogo
continua fora do Ato, e não voltará enquanto Assumpção responder pelo clube. A
consequência são as penhoras.
·
Dívida
fiscal: Maurício Assumpção admitiu em entrevista à ESPN Brasil
que deliberadamente parou de pagar os tributos, o que torna desnecessário
qualquer comentário. A consequência são as penhoras.
·
Dívida
cível: no mandato de Assumpção a Companhia Botafogo começou a
perder ações na Justiça, como a da Tam referente ao caso Taílson, levando o clube a sofrer
fortemente com esse tipo de dívida. A Companhia Botafogo é outro problema dessa
gestão e precisará ser devidamente investigada pela nova diretoria.
·
Material
esportivo: o Botafogo tem um péssimo contrato de fornecimento de
material esportivo, se comparado aos demais clubes. Rompeu unilateralmente com
a Fila, o que já rendeu um processo em que temos de pagar 10 milhões à Fila,
podendo chegar a 70 milhões.
·
Patrocínio:
agora entende-se por que jogamos com a camisa da Guaraviton com um escudo do
Botafogo perdido no peito. Em vez de buscar outras empresas para outras áreas
do uniforme, melhor fechar tudo com quem paga 5%, não é mesmo? Que o Botafogo
jamais feche contrato de novo com essa empresa.
·
Telex
Free: Assumpção muito falava em internacionalizar a marca
Botafogo. Conseguiu, mas através das páginas policiais, não das esportivas.
Das páginas esportivas para as policiais (foto IG) |
·
CT:
promessas de CT profissional, CT da base, pedras fundamentais... O de sempre.
·
Campo
de General Severiano: logo após uma reunião do CD em que omitiu o
assunto, o campo da sede foi tomado por tratores que o destruíram para criar
campos de pelada em seu lugar. O Botafogo não tem CT de porte, e antes que o
clube tivesse algo, o mandatário destruiu o que ao menos atendia ao
profissional. O assunto foi debatido fortemente em reunião do CD em abril deste ano, em que José Luiz Rolim ignorou o Estatuto para blindar Nininho da Praia, mesmo com Gustavo Noronha, do Mais Botafogo, lendo o item que permitia aos conselheiros avançarem nessa questão. Leiam mais aqui.
·
Loco
Abreu e Seedorf: os dois maiores acertos dessa gestão, foram
mal aproveitados. Ambos saíram pela porta dos fundos, desperdiçando um enorme
potencial de ídolos que eram.
Responsabilidades
pelo mandato da praia.
Carlos Augusto Montenegro
novamente emplacou um dos seus como presidente do CD, desta vez o ex-presidente
José Luiz Rolim. Montenegro aparecia para contemporizar, “conciliar”, sempre
que a pressão sobre Assumpção aumentava. Foi assim na questão imoral do campo
de General Severiano e mais recentemente quando se cogitou o impeachment por
conta de toda a situação atual, coroada com os tais 5%.
Rolim e Nininho: parceria que prejudicou o Botafogo |
Thiago Alvim continuou
durante todo o mandato da praia como vice de Comunicação, sempre muito alegre e
sorridente com seus eventos sociais, enquanto o clube descobria que o poço não
tem fundo.
O Mais Botafogo continuou
rompido com Assumpção. Após lançar chapa em 2011, o grupo fez oposição
aguerrida contra Maurício, especialmente através do trio Carlos Eduardo,
Gustavo Noronha e Edson Alves. Na questão do campo de General Severiano, o
presidente do CD José Luiz Rolim atropelou o Estatuto do Botafogo, a despeito
da leitura do mesmo pro Gustavo Noronha, e evitou qualquer tipo de sanção a
Maurício Assumpção. Edson Alves teve importante papel como integrante da
oposição no Conselho Fiscal.
Antonio Carlos Mantuano elegeu-se
presidente do Conselho Fiscal na composição com Nininho, onde poderia exercer
forte fiscalização sobre o mandato da praia. Mas surpreendentemente renunciou
após romper com o presidente, abrindo mão de fiscalizá-lo e passando o posto a
André Silva, vice de futebol no primeiro mandato, que passou a fiscalizar as
próprias contas.
O Botafogo Acima de Tudo teve
o presidente do Conselho Fiscal do primeiro mandato (Nelson Mufarrej) e o do
segundo (Antonio Carlos Mantuano), e Nininho jamais teve problema para aprovar
suas contas.
Marcelo Guimarães continuou
trabalhando no Botafogo até 2013, quando saiu e subitamente passou a criticar a
gestão que integrou por tanto tempo. Sua oposição a Nininho deriva mais do
ressentimento pessoal pela demissão do que propriamente pela avaliação de que
essa gestão é a pior de todos os tempos. Estaria Marcelo criticando Nininho se
não tivesse sido demitido? Seus elogios ao primeiro mandato fazem crer que não.
No debate de 18/11/2014, antes
de responder uma pergunta, Marcelo preferiu responder a comentário anterior de
Thiago Alvim sobre sua demissão. Justificou-se dizendo que queria falar sobre esse
fato antes porque “diante disso tudo era menor”, e acabou se esquecendo da
pergunta feita, que era sobre o Botafogo.
O MCR, incluindo Vinicius
Assumpção, fez parte do CD neste mandato, sem jamais se colocar como oposição
de fato, limitando-se a discursos conciliadores. Chegou a integrar a gestão
através de Ricardo Braga por alguns meses já em 2014, apenas abrindo mão do
cargo pelo início do processo eleitoral.
Resumindo as
responsabilidades das chapas no mandato da praia:
Chapa Azul: Thiago Alvim ficou praticamente seis anos como vice
de Comunicação de Maurício Assumpção, não saindo nem nos piores momentos,
quando muita coisa já havia sido revelada. Carlos Augusto Montenegro,
que deu suporte ostensivo à reeleição e ao segundo mandato, agora faz o mesmo
em prol da Chapa Azul de Thiago e Durcésio.
Chapa Ouro: o Mais
Botafogo portou-se como oposição de fato no mandato da praia, liderado por
Carlos Eduardo. O Botafogo Acima de Tudo pecou pela atuação no Conselho Fiscal,
onde Nininho sempre aprovou tudo com facilidade.
Chapa Alvinegra: o
MCR inexplicavelmente compôs chapa com Maurício para a reeleição. Uma vez no
CD, teve atuação apagada, sem travar embates contra os desmandos dessa gestão.
Chapa Cinza: Marcelo
Guimarães só descobriu que a gestão era muito ruim após sair dela no ano
passado. Demorou de 2009 a 2013, estando lá dentro, para perceber isso.