21 dezembro 2014

25 dias de Carlos Eduardo



Carlos Eduardo Cunha Pereira completou ontem 25 dias como presidente do Botafogo. Façamos um balanço desse início de mandato do período eleitoral até hoje.

Carlos Eduardo: trabalho já vem sendo recompensado

A eleição

Já escrevemos aqui que sua vitória foi construída ao longo da atuação como oposição a Maurício Assumpção no último mandato, o que lhe conferiu credibilidade e expectativa de uma grande mudança. Mas para vencer, o Mais Botafogo precisou compor com o Botafogo Acima de Tudo, de Antonio Carlos Mantuano e do vice Nelson Mufarrej, o que garantiu a vitória na urna de beneméritos e eméritos. Essa composição se reflete também na montagem do Conselho Diretor, em que a estratégica vice-presidência de futebol foi entregue 


Consciência da realidade financeira

No primeiro semestre de 2014, um grupo de investidores encomendou à KPMG um estudo sobre a situação financeira. O estudo foi apresentado a todas as correntes políticas do clube que tinham pretensões eleitorais. O grupo Mais Botafogo foi o que melhor entendeu o choque de realidade, tomando ciência de que os próximos anos serão de extrema austeridade, num processo que pode levar até uma década. Por isso Carlos Eduardo foi o candidato mais realista nas entrevistas, o que menos fez promessas.


Reaproximação política

Muitas das questões envolvendo clubes de futebol podem ser facilitadas ou prejudicadas pelo bom relacionamento com políticos e autoridades. Não para vantagens indevidas, mas para acelerar processos ou facilitar parcerias. Nesse início de mandato, Carlos Eduardo já  se reuniu com o Botafoguense governador do estado Luiz Fernando Pezão

Também houve aproximação com o prefeito Eduardo Paes, passo importante para a reabertura do Engenhão. E aqui cabe destacar o importante papel de Vinicius Assumpção, secretário municipal e candidato à presidência do Botafogo, que tem sido o grande articulador desse entendimento. Vinícius mostra que o Botafogo está acima de questões políticas ou pessoais dentro do clube. A expectativa é que o alcaide libere o estádio, mesmo que parcialmente, já para o Campeonato Carioca. 


Dívidas

As prioridades mais urgentes do Botafogo todos sabiam: equacionar as dívidas trabalhistas e fiscais, deliberadamente ignoradas por Maurício Assumpção e que tem por consequência penhoras e bloqueio de receitas, paralisando o clube.

Na última sessão do CD, no dia 17/12/2014, o presidente destacou a atuação de sua equipe na área jurídica, citando o vice geral Nelson Mufarrej, o vice jurídico Domingos Fleury e o advogado trabalhista Vagner Barroso. Este trabalho teve como resultado o retorno do clube ao Ato Trabalhista, confirmado nesta semana. Foi um trabalho árduo tanto dentro quanto fora do clube. Internamente para investigar a real situação interna e se organizar para resolver as diversas pendências que vem surgindo. Externamente, convencer o tribunal de que a nova diretoria cumprirá o que promete, que não haverá sonegação e que o Botafogo é capaz de honrar o acordo. Isso foi feito com sucesso.

Outra parte importante e urgente das dívidas é a fiscal. O Botafogo pagou as parcelas atrasadas da Timemania e se organiza para pagar as próximas do Refis. O desbloqueio de receitas a partir do Ato Trabalhista permitirá esse pagamento.


Patrocínio

O Botafogo fechou nessa semana novo acordo com a Viton 44, que estampará sua marca na parte frontal do uniforme ao longo de 2015 por 9,5 milhões. O contrato com a Puma foi estendido até o fim do Campeonato Carioca, ganhando tempo para um acordo melhor para o resto do ano, visto que já havia sido adiantado o dinheiro do contrato que ia até fevereiro.

Falta agora negociar bons contratos para o restante do uniforme, permitindo uma boa receita anual, e bons contratos para o Engenhão, caso liberado. Neste caso, é bom lembrar que há pendências com as empresas que tinham contrato em vigor quando da interdição.


Austeridade interna

A nova diretoria pretende cortar o máximo de gastos possível. Já foram identificados pagamentos excessivos a pessoas jurídicas, reflexo ainda da Confraria da Praia instaurada por Nininho. O vice de finanças, Bernardo Santoro, que assumiu um cargo do qual muitos fugiram, já avisou que será extremamente rigoroso com tudo que tiver de assinar e com as contas do clube.


Sócio torcedor com direito a voto

O sócio torcedor com direito a voto é um compromisso de campanha. Após a eleição a nova diretoria continua manifestando desejo de por isso em prática. Evitando uma reforma estatutária que pode ser complexa e demorada, a alternativa será adaptar o já existente sócio contribuinte. O formato final do programa dependerá da liberação ou não do Engenhão. 


Ponto fraco: o futebol

O setor mais preocupante da nova diretoria é justamente o futebol, aquele que também é urgente, demandando soluções imediatas. Já explicamos por que o Botafogo não pode errar na escolha do comando do futebol também já criticamos muito a escolha de Renê Simões para técnico. Renê Simões é quase uma unanimidade negativa na torcida.

O futebol tem sido o preço mais caro do acordo eleitoral com o grupo de Antonio Carlos Mantuano, que assumiu a vice de futebol. De trato difícil e muito contestado, Mantuano não tem o perfil desejado para o momento, que seria o de alguém capaz de gerenciar crises, estabelecer bons relacionamentos e atrair valores. É o mesmo perfil desejado para o cargo de técnico ou gerente, isto é, alguém reconhecido no meio do futebol e que seja acapaz de atrair jogadores.

Em entrevista a O Dia, Bebeto de Freitas comentou sobre a montagem do time de 2003:

“Haviam 15 jogadores. Quem contratou os atletas que atuaram na Segunda Divisão, obviamente, foi o Botafogo, mas quem os fez vir foi o Levir Culpi. Ele telefonava e pedia que viessem. O Valdo voltou a jogar por causa dele. Levir, Valdo, Túlio e Sandro... Eu e o Botafogo não esqueceremos jamais deles.”
O Botafogo de 2003 não tinha credibilidade nem bom relacionamento com o mercado do futebol. A solução foi trazer alguém experiente e reconhecido capaz de emprestar ao clube naquele momento a credibilidade e os atrativos que lhe faltavam. Levir desempenhou este papel. O mesmo deveria ser feito agora, e definitivamente não é com o trio Mantuano, Carlos Alberto Torres e Renê Simões que conseguiremos isso.

Todas essas boas medidas administrativas podem ser jogadas fora se o futebol for mal administrado. Quando há escassez de recursos, a margem de erro diminui, e precisamos de muita eficiência nos investimentos. 

Torçamos para que esse trio que comanda nosso futebol vá contra todos os prognósticos e contra tudo que seu histórico nos sugere e façam o melhor trabalho de suas vidas. Vamos precisar.

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